Aconteceu no ultimo dia 07 de maio de 2023, o passeio ciclístico promovido pela Associação de Moradores da Olaria, o objetivo plenamente conquistado era pedalar uma curta distancia com paradas para hidratação e uma pequena aula sobre pontos sobre o conjunto arquitetônico bens históricos da cidade de Duque de Caxias-RJ, a concentração ocorreu no pórtico da Cidade dos Meninos, e os ciclistas partiram em direção ao bairro São Bento e realizaram uma parada a frente da Casa da Fazenda do Iguaçu e igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens de Cor, e seguiram através da Rodovia Estadual Governador Leonel de Moura Brizola ate a Igreja Nossa Senhora do Pilar onde após uma aula sobre patrimônio encerramos o pedal.
Igreja Nossa Senhora do Pilar
Edificação barroca construída nas margens do Rio Pilar, na Bacia do Iguaçu. Antes desta edificação, outras foram instituídas na localidade, no século XVII. Inicialmente com a devoção a Nossa Senhora das Neves e, posteriormente, com o orago de Nossa Senhora do Pilar do Iguaçu. Ainda neste século a capela foi transformada em matriz paroquial, e em 1637 foi elevada à categoria de Freguesia Nossa Senhora do Pilar do Aguaçu ou Iguaçu. As freguesias funcionavam como unidades administrativas da coroa portuguesa, integrando um vasto arraial. O território da Freguesia do Pilar compreende hoje os atuais 1º e 2º distritos do município de Duque de Caxias. Nesta matriz se realizava os registros de casamento, óbitos e nascimento, e a partir de 1850 também os registros de terras. A paróquia referida possuía duas capelas filiais, a Igreja Santa Rita da Posse, atual Mantiquira (Xerém), e Nossa Senhora do Rosário, situada nas margens do Rio Saracuruna. As duas edificações eram capelas de fazendas. Havia ainda um conjunto de oratórios instituídos no interior dos casarões das propriedades coloniais. Em 1699, Garcia Paes, filho do bandeirante Paes Leme, abriu o primeiro caminho novo do ouro, encurtando as viagens realizadas. Pelo caminho velho, conhecido como dos Guaianases ou de Paraty, a viagem podia durar mais de dois meses, já pelo novo Caminho do Pilar era possível assegurar o translado do Rio para as Minas Gerais em quinze dias. O Porto do Pilar tornou-se o mais importante no período da chamada colônia dourada pelo menos até meados da década de 1720. Por ele era escoado o ouro que vinha das Minas Gerais para o Rio de Janeiro e alimentos produzidos nas cercanias da Guanabara para abastecer o planalto mineiro. No entreposto comercial do Porto do Pilar a coroa portuguesa instalou uma Guarda para controlar a circulação e evitar o contrabando do ouro. Colonos da freguesia doaram terras e recursos, assim como, a coroa portuguesa dispensou verbas reais para a construção de uma nova e maior matriz paroquial. Artistas do Mosteiro de São Bento e das Minas Gerais trabalharam nos entalhamentos dos atares e na produção de imagens sacras barrocas. Segundo Monsenhor Pizarro em sua obra Memórias Históricas do Rio de Janeiro, em 1717, a capela já estava erguida. Provavelmente as obras foram concluídas em 1728. No século XIX, o café advindo do Vale Paraíba Fluminense foi também escoado pelo Rio Iguaçu e pelo Rio Pilar, revalorizando o Porto. Em 1886, o Porto do Pilar foi recortado pela Ferrovia Leopoldina Railway e em 1928, pela Rodovia Rio-Petrópolis. Em 1938, a igreja foi tombada como patrimônio histórico nacional pelo IPHAN.
Fazenda do Iguaçu
O território da fazenda colonial denominada de Fazenda do Iguaçu guarda vestígios arqueológicos dos povos das conchas e dos aldeamentos tupis, primeiros habitantes das cercanias da Guanabara. No século XVI, a localidade foi palco das disputas travadas entre franceses e portugueses pelo domínio do Rio de Janeiro e de seus arredores, culminando com a guerra contra os tamoios, em 1565. Após a vitória portuguesa um intenso processo de expropriação das terras indígenas e de escravidão dos nativos demarcaram o tempo desta conquista lusitana. Nesse processo, a Fazenda do Iguaçu foi instituída por desbravadores portugueses com vasta experiência de conquista em São Vicente, atual São Paulo. As Famílias Monteiro e Ferreira, ricos e com prestígios junto a coroa portuguesa, adquiriram através das doações de sesmarias, extensas propriedades de terras ameríndias. Por volta de 1567, estabeleceram a Fazenda do Iguaçu entre esse rio e o do Sarapuí. Africanos e tamoios escravizados constituíram a força de trabalho que movimentou a produção açucareira, de farinha, de telhas, de tijolos, de arroz, de anil, cal e carvão, assim como a criação de gado na Fazenda de Iguaçu. As vias fluviais asseguravam a circulação da fazenda tanto para a exportação, quanto para o abastecimento da cidade portuária do Rio de Janeiro. A partir de 1591, a fazenda foi transferida por meio de doações e vendas para a Ordem de São Bento do Rio de Janeiro que a administrou até 1922. Em 1918, a Ordem do São Bento hipotecou a fazenda e o não pagamento da dívida resultou da devoluta das terras. No período de 1922 a 1931, a propriedade foi administrada pela Empresa Pro-Melhoramentos da Baixada Fluminense, e após a chegada de Vargas ao poder em 1930, estas terras devolutas foram para a administração do Ministério da Agricultura. Em 1932, as terras da Fazenda abrigaram o Núcleo Colonial São Bento, passando a receber colonos brasileiros e estrangeiros, como alemães, portugueses e, principalmente, japoneses. Em 1957 o conjunto arquitetônico da Fazenda do Iguaçu foi transformado em patrimônio nacional pelo IPHAN. Este complexo da Fazenda do Iguaçu é formado pela casa de vivenda que, já no século XVII, sofreu reformas e ampliação com sobrado; pela capela Nossa Senhora do Rosário dos Homens de Cor com datações do mesmo século; e por um conjunto de 4 tulhas ou armazéns para armazenar a produção da fazenda. Provavelmente elas foram edificadas pela Ordem do São Bento, sendo possível identificar imagens fotográficas delas em 1918.
Cidade dos Meninos
Inicialmente as terras da Cidade dos Meninos faziam parte da Fazenda do Iguaçu. Quando a fazenda se tornou terras da União e Núcleo Colonial São Bento, em 1932, a propriedade foi dividida em glebas e colonos foram assentados nelas. Em 1942, essa gleba da Cidade dos Meninos foi cedida para a Fundação Darcy Vargas para abrigar o Projeto Cidade das Meninas, com vistas a receber meninas desvalidas da capital federal e de seu entorno. A cidade foi construída com verbas arrecadadas em um espetáculo do Walt Disney no Maracanãzinho. Após a construção, o projeto sofreu modificações e passou a receber meninos e meninas. A instituição passou a ser gestada pela Fundação Abrigo Cristo Redentor. Funcionava como uma unidade agrícola que mantinha criação de gado, de peixe, jardinagem, granja modelo, padaria, açougue, padaria, fabricação de tamancos, marcenaria, etc. Em 1946, oito pavilhões não utilizados pelo abrigo foram cedidos para o Ministério da Saúde abrigar o Instituto de Malariologia. Uma parte da cidade se tornou lugar da ciência, e a outra, lugar de atendimento dos doentes de malária. Laboratório, campo experimental, hospital, vila malária e uma fábrica de profilaxia instalada em 1950, compunham o conjunto de ações deste instituto. A Fábrica de Profilaxia fabricava medicamentos para o combate à malária e a verminose, colírios e outros medicamentos de combate as endemias rurais, além, é claro, do famoso pesticida conhecido com pó de broca ou BHC, altamente agressivo à saúde humana, animal e vegetal. O BHC foi largamente utilizado pelo instituto na dedetização domiciliar com vistas a acabar com a malária. Um acidente envolvendo explosões ameaçaram a segurança dos menores e dos funcionários do abrigo. Por outro lado, a Organização Mundial da Saúde apresentou os males provocados pelo pesticida, recomendando a proibição de sua fabricação. A fábrica foi fechada e o Instituto de Malariologia foi transferido para São Cristóvão. Nos anos de 1990, a Associação de Moradores da Cidade dos Meninos, com destaque para a atuação do morador e militante, Miguel do Pó, integrante atualmente da ECOCIDADE, denunciou a gravidade da situação. A Fundação Oswaldo Cruz iniciou uma pesquisa de identificação dos níveis de contaminação da população e do território. Ao fechar a fábrica o Ministério da Saúde deixou pó de broca na fábrica e, com o tempo, a edificação foi entrando em ruínas, o que favoreceu o espalhamento do pesticida. Vale ainda ressaltar que alguns moradores comercializavam esse pó de broca nas feiras para matar ratos. Após os exames e pesquisas, a FIO Cruz constatou a gravidade da contaminação. A Justiça determinou a retirada dos menores e o fechamento das duas escolas públicas existes na cidade. Apenas os moradores e antigos funcionários permaneceram no local. Nos últimos anos, pessoas em situação de rua ocuparam algumas edificações vazias. Calcula-se que mais 1300 pessoas residam ainda nesta cidade contaminada. Ela é considerada um caso único de contaminação crônica ainda sem solução no presente.